Por Estacio Valoi Moçambique, com suporte do Ruanda e da missão dos países da Africa Austral (SAMIM), tenta pôr fim a uma agressão a
Por Estacio Valoi
Moçambique, com suporte do Ruanda e da missão dos países da Africa Austral (SAMIM), tenta pôr fim a uma agressão armada que já matou cerca de 4.668 pessoas (40% das perdas humanas são civis de acordo com dados da ACLED). Acrescem a estes um número impreciso de desaparecidos ou mortos e quase um milhão de deslocados de acordo com dados das Nações Unidas.
No entanto, o conflito é tão evidente quanto elusivo: por exemplo, não há unanimidade sobre os rostos por detrás da barbárie. A dificuldade de definir a agressão no Norte de Moçambique inclui, claro, a economia. Há questões que servem de ponto de partida: quanto dinheiro movimenta? Que sectores afecta? Como a comunidade ruandesa crítica ao regime de Paul Kagame e como este entra nas contrapartidas? Que economias paralelas gera? Que oportunidades se perdem? O Centro de Jornalismo Investigativo (CJI) tenta responder a essas questões.
Desde o início do troar das armas em 2017, na província de Cabo Delgado, com uma população estimada em cerca de 2.329, 261 habitantes (censo de 2017), que o conflito ligado ao extremismo violento, tem estado a decapitar a economia na nortenha província.
Situação em Infraestruturas Económicas e Sociais
As infraestruturas foram destruídas e incendiadas, quer económicas quanto sociais, públicas e privadas destacando: Destruição de escolas primárias (348) e secundárias (8), perda de material didáctico e encerramento de dois (2) institutos técnicos com cerca 96.274 alunos dos diferentes subsistemas de ensino; Destruição total 10 unidades sanitárias, 29 destruição parcial e 39 vandalizadas, de um universo de 131 unidades.
Destruição total ou parcial dos edifícios da administração pública em Mocímboa da Praia, Palma, Muidumbe, Macomia e Quissanga; Vandalizada a captação e estação de tratamento e bombagem a partir do Rio Buji necessitando a reposição dos equipamentos; Destruição parcial do centro distribuidor localizado no Bairro de Cimento, sendo a destacar o seguinte: o grupo gerador incendiado, quadros de comando vandalizados, viaturas incendiadas, edifícios com danos na cobertura e bombas de elevação intactos; Destruição do museu de Chai (Muchai) e edifícios integrantes ao museu, no distrito de Macomia; Destruição do monumento Tomás Ndunda e Praça Eduardo Mondlane, no distrito de Muidumbe; Destruição da base central no distrito de Muidumbe; e Destruição da base central no distrito de Nangade.
A ligação/comunicação entre os distritos postos administrativos e comunidades ficou gravemente afectada, com impacto directo na circulação de pessoas e bens;
Energia
Destruição da rede eléctrica que inclui a subestação Awasse; Os ramais principais da rede de baixa tensão, com de 50 km, de ligação aos consumidores (baixadas) e contadores foram danificados, estimado em 30% da rede total por reabilitar; A rede de média tensão, com extensão de 25km, não foi severamente afectada mais existem alguns vãos com condutores interrompidos, estimado em 25% da rede total por reabilitar.
Transportes e comunicações
a.Vandalizadas cerca de 99 estações de base nos Distritos de Mocímboa de Praia, Palma, Quissanga, Muidumbe, Nangade, Meluco, Ibo e Macomia; b. Danificada cerca de 941Km de Fibra Óptica Aérea da Vodacom nos troços entre Mueda-Awasse e Mocimboa da Praia; Palma-Mocímboa da Praia-Macomia Metoro e Palma-Pundanhar-Nangade-Mueda e cerca de 500Km da Fibra Óptica Aérea da Movitel incluindo postes. A Fibra Óptica da Tmcel por ser subterrâneo sofreu parcialmente; c. A Carga e Equipamentos Armazenados em contentores foram queimadas parcialmente ou na totalidade. d. A Rampa de Acostagem de Navios os pontos de amarração, defensas e parte associada a acostagem encontra-se danificada. Destruição de infraestrutura do Governo Electrónico e dos Centros Multimédia Comunitário.
Turismo
a. Destruição de 32 estabelecimentos de alojamento com categorias de 1 à 4 estrelas, totalizando 374 quartos e 487 camas, com destaque para Amarula Palma Hotel e Hotel Apartamento Palma Residence; e Destruição de estabelecimento de restauração num total de 78 mesas e 287 cadeiras, afectando 292 trabalhadores.
Destruição de estabelecimento de restauração num total de 78 mesas e 287 cadeiras, afectando 292 trabalhadores.
As acções dos terroristas causaram grandes danos nas actividades económicas com destaque para a agricultura, pesca e comércio, tendo culminado com:
Sector Privado
- Destruição de cerca de 4,965 empresas de micro, pequenas e medias dimensão dos quais (295 unidades industriais, 4,504 comércios geral e 166 de 10 serviços) cujo a valorização dos prejuízos até ao momento estima-se em cerca de 42,926.69 milhões MZN cerca de 681.66 milhões USD.
Ataques a Palma lesam setor privado em 90 milhões de dólares
O empresariado de Cabo Delgado ficou prejudicado em 90 milhões de dólares devido aos ataques terroristas ocorridos na vila de Palma, no dia 24 de março, segundo (CTA).
Mocimboa da praia
Foram destruidos parcial e totalmente o porto, aeroporto, comando distrital da PRM, posto de controlo dea polícia de Awasse, sede do conselho municipal, governo distrital. Foram destruidas a empresa Nagi Investimentos, bombas de combustivel, empresas madereiras de chineses, do Faruck Jamal
Minas
o acampamento da Gemrock Ruby Mine, uma mina de rubi perto de Namanhumbir, no distrito de Montepuez, na província moçambicana de Cabo Delgado, forçando a firma a evacuar os trabalhadores. Gemrock disse em comunicado ter perdido milhoes de dolares. Nairoto ataque fica: (i) aproximadamente 15 km a sudoeste do campo de exploração de Nairoto Resources Limitada (“NRL”), no qual a Gemfields detém 75%; e (ii) aproximadamente 83 km ao norte de Montepuez Ruby Mining Limitada (“MRM”), na qual a Gemfields também possui 75%. Como consequência, o NRL iniciou o processo de evacuação de funcionários operacionais e contratados e, portanto, as operações no local foram encerradas.
Situação de dupla tragédia.
O Western Union oferece serviços de transferência de dinheiro por meio de uma grande rede de agentes. Os agentes aceitam dinheiro em nome da Western Union, que o transfere conforme solicitado por uma taxa por esse servico. Para poderem receber ajuda de amigos ou familiares no estrangeiro, os naturais de Cabo Delgado ou não, residentes na província, precisam de se movimentar para a província de Nampula, também no norte de Moçambique. De Cabo Delgado a Nampula, a distância a percorrer ronda os 400 quilómetros de Estrada.
Por duas vezes, Habiba Aboobakar foi forçada a fugir de casa. Em março de 2020, ela fugiu para a cidade costeira de Palma depois que grupos armados não estatais atacaram sua aldeia em Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique.
Agora, um ano depois, ela teve que fugir novamente, deixando tudo para trás depois que Palma foi atacada em 24 de março. A mãe de três filhos, de 34 anos, trabalhava no campo, cuidando da fazenda onde sua família cultivava mandioca e arroz, quando o marido ligou para dizer que a cidade estava sob ataque e para fugir com as três filhas. Eles decolaram em direção à praia. “Eu andei e nadei na água. Tive que manter meus filhos seguros ”, lembra Maria. “Eu podia ver outros lutando na água; alguns não conseguiram sobreviver. Foi terrível.”
Ela recebeu a ajuda de um primo que mora na Europa, que lhe enviou algum dinheiro por meio da WU. Ao chegar à agência do BIM em Pemba, foi informada apenas de que o serviço não estava disponível. “Tive de apanhar transporte para Nampula e lá também não recebi porque o meu documento mostra que nasci em Mocímboa da Praia. Não somos terroristas, somos vítimas do terrorismo ”.
Ruanda e suas contra partidas enquanto o empresariado de Cabo Delgado vê navios
Interesses económicos por detrás da solidariedade
Desde a entrada das tropas ruandesas em Cabo Delgado, em meados de 2021, para ajudar Moçambique a combater a insurgência, cujo acordo assinado entre Maputo e Kigali para o feito continua desconhecido. Aliás, nem o Parlamento moçambicano foi ouvido a respeito, o que causou polvorosa.
De acordo com a plataforma Africa Intelligence, “a construtora ruandesa NPD juntou-se, à última da hora, à lista de empresas que concorrem para a realização de trabalhos preparatórios no projeto de gás em Moçambique”. A NPD, vista como próxima do Presidente do Ruanda, Paul Kagame, é uma das maiores construtoras do país, destacando-se em obras de grande vulto como barragens, estradas e pontes.
O Africa Intelligence afirma ainda que “a gigante francesa TotalEnergies tem uma dívida a pagar ao Ruanda pelo seu papel no restabelecimento da segurança na província de Cabo Delgado”, E pelas analises feitas estas sugerem que as decisões politicas do actual regime são tomadas em Kigali alegadamente devido a referida divida pela intervenção militar ruandesa, cujos resultados têm sido bastante elogiados mas que nunca confirmado por nenhum dos governos e nem mesmo pela Total.
Outros ganhos
Com as missas a serem rezadas em Kigali, caso o acordo de extradição com Ruanda se concretize será um instrumento de castração política legalizada contra opositores do Executivo de Kigali que vivem em Moçambique com o estatuto de refugiados, reconhecido e atribuído pelo Governo Moçambicano faz décadas. Entregues a sua sorte, cidadãos ruandeses refugiados em Moçambique com o nível de insegurança a que dizem estar expostos, na sequência do que classificam de ofensivas das autoridades de Kigali para os eliminar.São perseguições essas que já vem sendo perpectuadas e já com mortes registadas. Karemandigo Rebocatt um empresário que desempenhava o cargo de vice-presidente da Associação dos Refugiados Ruandeses em Moçambique o qual segundo a agremiação, em cinco anos de uma “lista de cidadãos marcados para morrer” o finado liderava a referida lista de alvos marcados para morrer, foi o quinto ruandês morto por desconhecidos ‘ esquadrão da morte” em Moçambique
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